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Liberdade em Duas Rodas.

Adriana Costa

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Adriana Costa

Finalmente férias! Com a crise que se iniciava nos EUA cancelei minha viagem para a Rota 66 e resolvi pegar a rota de Mato Grosso...

A princípio iria sozinha eu e Zuleika (minha moto), mas depois pensei no meu filho Guilherme (na época com 15 anos) de férias, que adora animais e a natureza e decidi... vou leva-lo. Ele adorouuuu lógico!

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Comecei a ver roteiro de estrada, arrumei uma roupa para o Gui com meu amigo Totó Speed (um macacão da Dainesse), comprar alforje trazeiro pq só tinha os laterais, arrumar bagagem, revisão na moto, um outro amigo motociclista já indicou uma operadora de turismo (Ygarapé Tour), onde fechei tudo, como minha moto (Drag Star) não é apropriada para terra, achei melhor fechar os passeios com transporte, pois todos os caminhos são por estradas de terra. Para que vai com seu carro ou moto Trial é muito mais fácil, pois você pode ir com seu próprio veículo até os receptivos das fazendas e só precisa pagar o passeio que já está incluído o guia e os equipamentos.

Uns achavam o máximo uma mulher fazer uma viagem dessas, outros que eu era doida e como meu “namorido” tinha acabado de voltar da sua viagem à África não quis me acompanhar, mas apoiou a ideia. Seriam 1.200 km de estrada para chegar lá. Resolvi marcar no mapa dois caminhos, iria pela Rodovia Castello Branco e voltaria pela Rodovia Marechal Rondon , na verdade para esse tipo de viagem não é necessário mapa, pois tudo é bem sinalizado com placas e você só precisa saber e anotar os nome das principais cidades do caminho. Pensei em dois caminhos somente para conhecer lugares diferentes, na verdade o caminho pela Castello é mais curto e melhor, as estradas para lá em sua maioria são boas com alguns poucos trechos ruins.

Finalmente chegou o grande dia, acordamos cedo já com tudo arrumado e nem foi preciso acordar o “preguiçinha” do Guilherme, pois já havia levantado da cama antes de mim. Saímos em uma quarta-feira dia 10/12 e teríamos que chegar em Bonito dia 13/12 para nos hospedar e descansar da viagem, nossos passeios já estavam agendados para o período de 14/12 a 18/12 e no dia seguinte deveríamos voltar ,também em três dias, para termos tempo antes do Natal. Sabe-se como é... brasileiro costuma deixar tudo para a última hora.

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Como tenho amigos em Assis – SP optei ir pela Rod. Castelo Branco, nesse dia rodamos 440km, andamos 200 km para fazer a 1ª parada e o Gui já começou com as reclamações.... um baita calor de dezembro, de macacão, de garupa, sem nada para fazer, não está costumado! Tadinho! Consegui achar o endereço fácil, descansamos e no dia seguinte saímos visitando outros amigos, um deles caminhoneiro e motorista de ônibus a vida toda disse que eu era louca de sair por aí nessas estradas. Mais um dia se foi e no dia seguinte pé na estrada, pois ainda faltavam 760 km.

A viagem foi sossegada, muitoooo calor com a intenção de rodar até Rio Brilhante (483 Km de Assis) já no estado do Mato Grosso. Atravessamos à ponte do Rio Paraná, a divisa de estado é linda!!! Que vista maravilhosa, como esse país é abençoado. No final da tarde acabamos parando para dormir em Nova Andradina. Achei uma pousadinha baratinha ao lado de uma bar de bairro, nos instalamos e fui com o Gui até o bar para molhar a garganta, na pousada havia um funcionário doido por moto que ficou espantado de ver uma mulher e uma criança viajando de moto. Pedimos uma pizza para comer na pousada e dormimos logo.

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Restavam apenas 428 km para chegar em Bonito, o visual das estradas, o cheiro de mato, os bichos mortos nas pistas, os pássaros... tudo é muito bacana. Chegamos em Bonito por volta das 17h00, paramos a moto em frente à operadora de turismo para conferir os passeios agendados, pegar os vouchers e ver o local da pousada. Ao tirar a bolsa de tanque e entrar desabou a maior chuva, parece que São Pedro estava só esperando a nossa chegada e mentalmente agradeci a Deus por isso. Depois de ficar por algum tempo na loja esperando a chuva diminuir fomos até a pousada como a moça da operadora havia explicado: terceira rua à direita, na rua do posto, não tem como errar, mas eu errei. Na rua havia uma pousada chamada Lua Azul, quando cheguei em frente à pousada vi que não tinha garagem falei para o Gui: - acho que a moça se enganou a pousada se chama Lago Azul e começamos a perguntar até chegar na pousada que ficava a 6 quadras a cima. Já na pousada pedi ao Guilherme para confirmar se estávamos mesmo hospedados lá e depois da confirmação do funcionário comecei a descarregar nossas coisa, tirei tudo dos alforjes em baixo de chuva e quando o Gui já estava no banho vi no papel da operadora que a pousada chamava-se Água Azul, corri para informar que não estávamos hospedados lá e por sorte a pessoa que me atendeu foi muito legal, pois deixou que ficássemos lá até o dia seguinte sem cobrar a dormida. Choveu a noite inteirinha. Tratamos de acordar bem cedo (6h00) para fazer a “mudança” tive que colocar tudo de volta nos alforjes e fomos tomar café da manhã na pousada certa antes do guia passar para nos levar ao nosso passeio. Finalmente o primeiro dia de passeios. Como choveu muito no dia anterior a Gruta Azul foi interditada e foi necessário alterar o cronograma dos nossos passeios. Na hora que estávamos nos acomodando na mesa para começar a tomar o café, começou a chover de novo e o Gui não parava de tirar uma dizendo que me mandaria para o nordeste para fazer chover lá. O guia chegou pontualmente as 8h00,era um sujeito baixinho, fortinho e simpático com o apelido de Panda. Para esse dia ficou programado uma visita ao parque das cachoeiras na parte da manhã e o boia cross á tarde. Até que a chuva que " trouxemos” foi boa, pois fiquei sabendo que fazia muito tempo que não chovia na região e algumas cachoeiras estavam secas. Fizemos o passeio em baixo de chuva e que está na chuva é para se molhar foi exatamente o que fizemos, entramos para tomar banho em todas as cachoeiras, um lugar lindo com trilhas e cachoeiras por todo o caminho, depois do passeio trocamos as roupas molhadas e fomos almoçar no receptivo da fazenda, uma comidinha caseira feita no fogão á lenha que estava uma delícia. Após almoçar e descansar um pouco seguimos para o bóia-cross no Rio Formosos que fica em outro ponto da cidade, qdo chegamos lá estava um sol lindo e daí pra frente não choveu mais. O passeio é bem sossegado, o rio é bem calmo e sem sustos no percurso. O receptivo do passeio também é bonitinho e no local existem uns chalés para locação que deve ser um graçinha por dentro. Chegamos na pousada por volta das 17h00, o Gui foi para a piscina e eu fui lavar as roupas molhadas do passeio e as que deixei de molho na pia do banheiro.

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Acordamos com o tempo nublado, mas depois abriu o maior sol. Nosso passeio nesse dia era só a Flutuação no Rio Sucuri. Chegamos na recepção da fazenda e como ainda estavam faltando algumas pessoas para realizarem o passeio junto conosco fica,os passeando por lá olhando o gado, os cavalos, o pomar, os pássaros,etc. Depois de colocar uma roupa apropriada para mergulho e pegar a máscara com snokel saímos na boleia de um caminhão até uma trilha da fazenda, lá o nosso guia falou sobre a fauna, a flora da região e nos mostro várias nascentes do rio. É incrível como a água é transparente, a flutuação no rio é de mais, só que já esteve lá para descrever a água, os peixes e toda a natureza, você mergulha na perfeição de uma água tão cristalina e nada com todos aqueles peixes ao seu redor que por algum tempo parece que vc se transporta de lugar e está em outro mundo. No retorno do passeio almoçamos na fazenda e eu fui descansar no redário enquanto o Gui foi fazer um passeio a cavalo, voltamos cedo e ainda aproveitamos a piscina da pousada até ás 19h00. Fomos até a cidade para jantar e na volta passamos por uma sorveteria chamada Delícias do Cerrado e compramos vários sorvetes exóticos como: Buriti, Araticum, Cagaita, Taperebá, Guavira, Jatobá, Murici, Pequi, etc. levamos tudo para a pousada e guardamos no congelador do frigobar.

Terceiro dia de passeio e o maior sol logo cedinho, saímos por volta das 8h00 rumo a Serra da Bodoquena, uns 60km de Bonito, onde faríamos o passeio para a cachoeira Boca da Onça. O receptivo da fazenda é maravilhoso, o mais bonito de todas as fazendas que eu fui. A nascente do rio fica bem atrás da recepção, abastece duas piscinas repletas de peixes, onde o visitante tem direito a mergulho e quatro tanques de peixes que ficam separados dos demais, essa água segue seu caminho e vai se transformar na maior queda do Mato Grosso do Sul com 156 metros, a cachoeira Boca da Onça. Fomos todos acomodados em um veículo 4x4 e descemos até o início da trilha, o caminho é muito íngreme e se não for veículo traçado não tem jeito não. A trilha é bem tranquila e beira o Rio Salobra, onde fizemos algumas paradas para banho, depois quase 3 km de caminhada pela mata a tão esperada cachoeira Boca da Onça, o visual é incrível, abaixo forma-se ima piscina natural e as gotículas que caem daquela queda enorme parecem nuvens de água. Ficamos por algum tempo contemplando a beleza do lugar e descansando para criar forças para encarar 886 degraus até a plataforma do Rapel, onde um veículo da fazenda estaria nos aguardando. A volta não é muito fácil, mas com calma e paciência dá para subir e chegar vivo lá em cima. A vista da plataforma é maravilhosa, podemos ver todo o desenho do rio cortando as matas, as montanhas formando o vale, a majestosa cachoeira. Depois de tanto exercício nada mais justo que um delicioso almoço caseiro e um descanso na beira da piscina natural. Voltamos cedo e resolvemos não ir direto para a pousada, ficamos no centro para experimentar o famoso sorvete assado com salada de frutas e dar mais uma voltinha pelas lojas.

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Finalmente chegou o dia da famosa Gruta do Lago Azul. Combinei com o Guia de fazer o passeio na parte da manhã para ficar com a tarde livre e ir de moto até o Balneário Municipal. A gruta é pequena e o passeio é bem rápido, mas realmente surpreende pela coloração do seu lago, a água é tão transparente que olhando de longe a impressão é que a fundura na entrada da gruta é de uns 2 a 3 metros, mas o Panda nos disse que ali tem 11 metros, só na entrada. Voltamos até a pousada para pegar a Zuleika (minha moto) e seguir para o balneário. É o único lugar onde o percurso é todo por asfalto e é perto da cidade cerca uns 10km, o lugar é bem cuidado, com quiosques de alimentação, lojinhas e rodeado pelo Rio Formoso, pode-se tomar sol nos deques de madeira e mergulhar no Rio com os peixes, que de tão acostumados com os turistas ficam o tempo todo ao seu lado. Aproveitamos bastante e resolvemos almoçar lá mesmo, depois da famosa descansadinha na rede quando já estávamos arrumando nossas coisa no armário que alugamos, o dono do quiosque ao lado colocou comidinha na mesa e apareceram três araras, uma vermelha e mais um casa de araras azuis, que também acostumada ao movimento ficaram por um bom tempo comendo sua ração na mesa.

Que pena! Último dia de passeio. Estava programado fazer o Aquário natural de manhã e o Balneário do Sol na parte da tarde. Como chegamos cedo deu tempo de passearmos pela trilha dos animais e ver algumas espécies de Jabotis, Araras, Tucanos, Quati, Veado, jacaré, Sucuri, Anta, Tamanduá,etc. Na verdade vc vê esses bichos por todos os caminhos dos passeios, pelas estradas do pantanal e nas fazendas. Aproveitamos a piscina do lugar enquanto aguardávamos mais algumas pessoas para o nosso passeio do aquário. Como o nome diz: Aquário Natural, parece que você está literalmente mergulhando em um aquário com toda aquela vegetação e todos aqueles peixes como: Piraputanga, Curimbatá, Dourado, Lambari, Mato grosso, etc. O passeio é mais curto que a flutuação no Rio Sucuri, mas de belezas diferentes. Depois de um banho rápido no vestiário fomos direto para o Balneário do Sol. Na entrada um relógio de sol muito interessante. O lugar também é bem cuidado, possui cadeiras de sol, lanchonete, redário, vestiários, etc. Comemos um lanche e fomos descansar sob a sombra dos inúmeros Bacuris, árvore nativa que dá uns frutinhos que parece uns coquinhos, o último mergulho no Rio Formoso e no retorno á pousada as lembranças de um lugar tão BONITO.

Conforme programado dia 19/12 sexta-feira estávamos deixando a Pousa Água Azul rumo á SP. Decidi voltar pela Rodov. Marechal Rondon e parar em Três Lagoas para descansar, no dia seguinte tocar até Lins talvez e chegar em SP no dia 21/12 no domingo para almoçar com todos e contar as novidades. Nosso guia nos aconselhou passar por Sidrolândia, Campo Grande até Três Lagoas. O caminho até Campo Grande é maravilhoso, fazendas e fazendas de soja, parecia um mar verde onde nossos olhos não alcançavam o fim, já até Três Lagoas estrada não muito boa e muito caminhão. Chegamos cansados, todos os hotéis lotados, a cidade um inferno cheia de gente pra lá e pra cá e se não fosse escurecer logo teria tocado para outro lugar. Em fim achamos um hotel todo estranho, mas era nossa única opção e acabamos ficando por lá mesmo, fomos até o centro para comprara um lanche para viagem pq era impossível sair para comer com aquela “muvuca " na cidade, voltamos para o Hotel tomamos banho, lanchamos e dormimos até o dia seguinte.

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Sabadão com sol alto e prometendo muito calor na estrada, o Gui que já estava impaciente me pediu para ir direto para SP, ainda tentei convencê-lo que seriam 700 km direto, mas ele preferiu ir em uma tocada só. Tomamos um café bem “mixuruca” e saímos cedinho, antes uma paradinha na fronteira entre os estados para uma última foto e seguimos viagem. Cheguei morta com o corpo todo dolorido, peguei muito vento na Castelo e isso contribuiu para o meu cansaço, porém feliz por tudo ter dado certo, por nenhum imprevisto, por nenhuma chuva na estrada, por meu filho são e salvo e por Deus ter me dado à oportunidade de conhecer um lugar que sempre sonhei em levar o meu filho.